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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DA MINHA AMIGA POETA, ARITA DAMASCENO PETTENÁ


CANTO DE AMOR A CARLOS GOMES

Muitos têm sido os depoimentos sobre a vida e a obra de Carlos Gomes. Alguns transformados em desabafo diante das injustiças sofridas pelo grande maestro. Ora é Ítala Gomes, presa ao compositor por laços tão fortes: “Dir-se-ia assim que, à semelhança de outros cavalheiros da glória, Carlos Gomes também tivera como característico saliente de sua jornada terrena, aquela impiedosa desventura que parece ser a vingança com que os deuses assinalam os gênios”. Ora é Rodrigo Otávio, ilustre filho também de Campinas, a dizer no prefácio de um livro: “Revelada a grande capacidade do artista, consagrada sua obra inicial com os aplausos da mais prestigiosa platéia do mundo, cuidados do Brasil para esse filho privilegiado não deveriam ter faltado e faltaram”. Ora é o próprio Carlos Gomes extrapolando suas mágoas em cartas aos amigos e, entre elas, esta que dirigiu já pobre e doente, a César Bierrenbach, o idealizador do monumento em sua homenagem: “No Rio não me querem nem para porteiro do conservatório; em São Paulo, nem para boleeiro; em Campinas, não me compreenderam, julgando-me talvez um impostor, um forasteiro”.

Mas o que teria levado, realmente, o celebre autor de O Guarani, ao lado de tantos sofrimentos, de tantos obstáculos, aos píncaros da glória? Nós diríamos que, caminhando com sua batuta, havia aquela “força indômita” que dele nunca se ausentou, quando necessário se fazia impor a sua arte e até mesmo seu espírito forte. É o garoto de 18 anos, cantando com sua voz de soprano ligeiro, mais tarde transformada em tenor, os solos da primeira missa que compôs, e arrancando lágrimas dos que se faziam presentes. É o adolescente alegre, de cabelos compridos, sem sonhar que seria o homem bonito e elegante dos futuros saraus, a rir com os companheiros, quando diante do reclame: “Tônico para os cabelos”, lhe diziam: “Tônico, apara os cabelos”.

É o moço de 23 anos apresentando concertos ao lado do pai e lecionando, ao mesmo tempo, piano e canto para jovens como ele. É o rapaz que se embrenha pela Serra do Mar, montado num burrinho, para se fazer um passageiro a mais no navio Piratininga, em busca da Corte de Dom Pedro II, sob o aplauso de inúmeros estudantes. É o formando do Conservatório de Música do Rio galardoado pelo Monarca Poeta com uma medalha de ouro, como recompensa pelo seu esforço e talento, ao adentrar, acometido de febre amarela, o salão de festa, e reger, sob aplausos, a cantata que compusera para aquela solenidade. É o já abalizado maestro sendo laureado pelo Imperador com a Ordem das Rosas, pelo seu primeiro trabalho de fôlego: “Noite no Castelo”. É o insigne compositor, recebendo de Verdi esta honraria em vida: “Este jovem começa por onde eu termino”. É o criador ainda de tantas obras-primas a ser retratado por Capranezzi e Di Angelis, em seus últimos instantes, em Belém do Pará. É o ídolo de todos nós a receber também dos poetas a homenagem que nunca será demais.

Entre elas, estes versos últimos de nosso poema Canto de Amor a Carlos Gomes: Recebe, pois, Carlos Gomes,/ gênio maior da música,/ de onde estiveres,/ pela humanidade de teu gesto,/ pela grandeza de tuas atividades,/ pela nobreza de tua alma,/ a nossa mensagem de amor,/ pelo muito que fizestes,/ por este nosso Brasil./ Como o maior compositor da América do Sul.

Arita Damasceno Pettená é membro da Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas.

UM ABRAÇO, AMIGA !!

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