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segunda-feira, 30 de maio de 2011

VIAGEM AO FUNDO DO MAR


NO MAIS PROFUNDO DOS OCEANOS

                 Os mistérios e desafios advindos do fundo do mar alimentam a curiosidade humana. Dos monstros marinhos que habitavam a imaginação de navegantes no século XIV, às aventuras do submarino Náutilus, no clássico “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Julio Verne, as profundezas do oceano sempre foram um ambiente pouco conhecido e explorado pelo homem. 

                     As buscas e expedições realizadas até hoje trouxeram apenas um vislumbre do que a imensidão das águas marinhas pode abrigar. Agora uma nova e ousada viagem promete revelar o que há escondido em alguns dos pontos mais inóspitos do oceano. Motivado pelo mesmo desejo de aventura do capitão Nemo no romance de Verne, o bilionário inglês Richard Branson acaba de anunciar um projeto que pretende explorar os locais mais profundos dos cinco oceanos da Terra, chegando onde nenhum homem já esteve antes.

                          Durante dois anos, Branson e uma equipe de exploradores e cientistas farão incursões nos cinco maiores abismos marinhos. O primeiro será a Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico. Conhecida como o local mais profundo de todo o mar, essa depressão chega a ter 11.034 metros de profundidade e há mais de 50 anos não recebe a visita de nenhum submarino tripulado.
                                  Em 1960, Jacques Piccard e Don Walshen desceram a bordo do batiscafo Trieste, uma embarcação sem autonomia, que apenas descia e subia em linha reta. Essa limitação, somada à grande nuvem de poeira levantada ao atingirem o fundo, não permitiu que fossem registradas imagens dos seres que viviam ali. Porém, desde os anos 1990, submarinos robôs como o japonês Kaiko e o americano Nereus conseguiram coletar dados sobre alguns peixes, crustáceos e organismos unicelulares que só existem nesse local.

MÁQUINA


                        Branson e o piloto Chris Welsh, que também comandará o veículo subaquático
Em sua nova aventura, Branson pretende “catalogar formas de vida nunca antes vistas por olhos humanos e até hoje desconhecidas para a ciência”, como declara no site do projeto Virgin Oceanic. Mas, segundo o oceanógrafo Paulo Sumida, pesquisador do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), as chances de que a expedição encontre novos seres são pequenas.
                        “Quanto mais fundo se vai, menores e mais escassas são as criaturas encontradas. Por isso, não acredito que essa viagem trará novidades relevantes para a oceanografia”, diz Sumida. “Mas acho que a iniciativa é válida pela tecnologia desenvolvida para a construção do submersível.” O veículo subaquático composto de fibra de carbono, titânio e quartzo será capaz de submergir mais de 11 mil metros e é dotado de asas que facilitarão sua flutuação.
                      O custo total dessa aventura deve bater na casa dos US$ 10 milhões, valor razoável para Branson. Dono de nada menos do que 400 empresas, o bilionário fez fortuna com a gravadora Virgin, fundada na década de 1970. De lá para cá, ganhou fama mundial por suas excentricidades.
                                Ele foi o primeiro homem a atravessar os oceanos Atlântico e Pacífico num balão. Em 2004, criou a primeira companhia aérea espacial do mundo, a Virgin Galactic, que promete viagens turísticas ao espaço pela bagatela de US$ 200 mil por pessoa. Não satisfeito com a conquista sideral, Branson agora volta seus investimentos para outra paixão: o mar. E um dia pretende oferecer a todos que amam o oceano o gostinho de uma viagem ao fundo do mar. Paga, é claro.

CASAL 20

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